terça-feira, 15 de julho de 2008

Contradições norte-americanas - Judith Miller

Para a jornalista e escritora, no mundo pós-11 de setembro há uma grande tensão entre a segurança nacional e a liberdade de imprensa, e que esta última, que é uma premissa de um país que se diz livre, costuma sair prejudicada. Como boa jornalista, a ex-repórter do The New York Times, vencedora de prêmios Pulitzer e Emmy, Judith Miller descarregou números para comprovar a tese de sua apresentação sobre os Limites da Liberdade de Imprensa: o governo norte-americano, no mundo pós-11 de setembro, está limitando a liberdade de imprensa naquele país.

E isso tem ocorrido num mundo em que, segundo uma pesquisa de uma entidade privada de Washington citada pela palestrante, apenas 37% de 190 países pesquisados são realmente livres (e o Brasil não está entre eles, sendo considerado parcialmente livre. Cuba e Venezuela são os únicos países das Américas que não têm liberdade). A diretora dessa entidade disse que quando a liberdade de imprensa está ameaçada, todas as outras estão também, informa Judith. Apesar do mau posicionamento do Brasil neste estudo, a jornalista parabenizou o Supremo Tribunal Federal por ter cancelado em fevereiro de 20 artígos da Lei de Imprensa de 1967, dando mais liberdade à imprensa. E também fez menção ao fato de que, em nosso país, os jornalistas podem proteger as fontes, ao contrário dos Estados Unidos.

Sobre o seu país, ela citou que no mundo pós-11 de setembro existe uma tensão muito grande entre a segurança nacional, que o Governo utiliza muitas vezes como desculpa para cercear as liberdades individuais, e a prova disso é o monitoramento de e-mails e de telefonemas naquele país; e a liberdade de imprensa, que em alguns casos é obrigada a omitir alguns fatos do leitor em prol da lei de segurança nacional. Ela credita o alto rigor tanto às preocupações trazidas pelos ataques de 11 de setembro e pelos falsos ataques de Antrax subseqüentes, mas também ao Governo Bush, que esconde segredos em nome da segurança nacional. O sigilo foi mais danoso que as informações vazadas para jornalistas, disse ela.

Para Judith, a liberdade de imprensa, que é fundamental para a democracia, está sendo prejudicada por essa premissa, e a prova disso são a criação de novas categorias de restrição, ou seja, mais censura, e os casos de jornalistas presos, como ela, que ficou 85 dias presa em 2005, após recusar-se a revelar o nome de uma fonte para a Justiça norte-americana. Ao final, a palestra teve mais vinte minutos de uma discussão sobre o tema liberdade de imprensa, que envolveu também o Ombudsman da Folha de S.Paulo Carlos Eduardo Lins e Silva, o diretor de conteúdo de O Estado de S. Paulo Ricardo Gandour e Rodolfo Fernandes, diretor de redação de O Globo, com mediação do empresário e apresentador João Dória Júnior.






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