quinta-feira, 19 de março de 2009

Telefonia - Leilão da 3G


Oito grupos disputaram as 44 licenças das 11 áreas definidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a telefonia 3G no Brasil: Vivo, TIM, Claro, Oi, Brasil Telecom, CTBC, Telemig Celular e Nextel.

As operadoras que ficaram com o lote da região metropolitana de São Paulo tiveram de comprar também lotes de licença para operar nas região Norte (Amazonas, Amapá, Pará, Maranhão e Roraima). Quem ficou com os lotes do interior de São Paulo teve de levar lotes da região Nordeste.

Norte e Nordeste são duas das regiões menos atrativas para as operadoras, devido à densidade populacional, ao poder aquisitivo dos moradores e às dificuldades técnicas para implantação das redes de telefonia móvel.

A Anatel estima que as operadoras de telefonia irão investir R$ 4 bilhões na rede 3g entre 2008 e 2009.

­­ Sete anos depois de os japoneses terem entrado na terceira geração das redes de comunicação e serviços móveis, os brasileiros começam a engatinhar na telefonia 3G com o leilão das faixas de freqüência (1,9 GHz e 2,1 GHz) de rádio que permitem a transmissão pelo celular de voz e dados em alta velocidade.

Com a 3G será possível ter no celular Internet banda larga, vídeo e multimídia de alta resolução, jogos online, downloads mais rápidos, serviços bancários e até TV.

A telefonia 3G começa a ser instalada no segundo semestre de 2008, e as operadoras que venceram o leilão de 18 de dezembro de 2007 poderão usar a tecnologia que desejarem e terão, segundo edital da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as seguintes obrigações nos primeiros oito anos após a assinatura dos termos de autorização:

Em dois anos, todos os municípios brasileiros terão cobertura para serviços de telefonia celular. Para atender aos municípios menores, as operadoras poderão optar por utilizar rede particular - nesse caso, cada empresa terá obrigação de atender a 25% das cidades da região - ou por rede compartilhada, operada por terceiros - dessa forma, as autorizadas das quatro faixas deverão cobrir 100% dos municípios da região.

É a chamada universalização do celular, com investimentos de R$ 2,5 bilhões até 2010.

Em dois anos, todas as capitais dos Estados, o Distrito Federal e as cidades com mais de 500 mil habitantes terão cobertura total (por definição, cobertura total corresponde a 80% da área urbana) para serviços de banda larga móvel.

Ao fim de quatro anos, todos os municípios com mais de 200 mil habitantes deverão estar cobertos pela banda larga sem fio. Passados cinco anos, 50% dos municípios com população entre 30 mil e 100 mil habitantes e 100% daqueles acima desta faixa estarão aptos a utilizar esses serviços.

Ao fim do oitavo ano, pelo menos 60% dos municípios com menos de 30 mil habitantes terão a tecnologia disponível. Ao todo, cerca de 3.800 municípios brasileiros serão atendidos com os serviços de banda larga sem fio.­­

Mas por que tanto estardalhaço em torno da telefonia 3G? O que ela tem de diferente das tecnologias já existentes? Nas próximas páginas você vai entender por que a telefonia 3G está para a telefonia 2G como a internet banda larga está para a discada.

Entendendo a 3G

A telefonia 3G está para a telefonia 2G assim como a internet banda larga está para a discada. Ou seja, transmissão de dados em alta velocidade que permite o acesso a conteúdo multimídia, como vídeos, TV e animações em alta resolução, a e-mail, mensagens instantâneas e a recursos antes relegados à telefonia fixa ou à telefonia IP, como videoconferência e download rápido de grandes quantidades de dados. Mas para entender o que é a telefonia 3G, é preciso familiarizar-se com a sopa de letras de padrões, tecnologias da telefonia móvel.

Primeira Geração ou 1G
AMPS (Advanced Mobile Phone Service): tecnologia analógica da primeira geração da telefonia móvel desenvolvida pelos Laboratórios Bell, da At&T, nos anos 80.

Essa tecnologia opera na faixa dos 800 MHz e só permite transmissão de dados.

Segunda Geração ou 2G

TDMA (Time Division Multiple Access): uma das tecnologias digitais mais usadas no mundo. Ela divide os canais de freqüência em até seis intervalos de tempo diferentes, e cada usuário usa um desses espaços para impedir interferências.

Opera na freqüência de 800 MHz.

CDMA (Code Division Multiple Access): tecnologia digital que aumentou a capacidade das redes de telefonia celular ao permitir o acesso de muitos usuários simultaneamente em um único canal de estação rádio-base. No Brasil, a Vivo era a única operadora a adotar esta tecnologia, cuja principal desvantagem é tornar os aparelhos celulares mais suscetíveis à clonagem.

GSM (Global System for Mobile Communication): tecnologia baseada em chips de memória desenvolvida na Europa. O GSM foi adotado na maior parte do mundo por permitir taxas de transferências mais rápidas e a portabilidade das informações.

Como número da linha, dados pessoais e agenda de contatos ficam armazenados em um chip de memória, é possível levar as características do assinante para outro aparelho ou rede GSM.

Esta tecnologia opera nas faixas de freqüência de 900, 1800 e 1900 MHz.

Geração 2,5 - ou 2,5G

GPRS (General Packet Radio Service ou Padrão de Transmissão de Rádio por Pacote):

evolução da GSM, esta tecnologia 2,5G divide os dados em pacotes, possibilitando uma conexão permanente de dados, com taxas de transmissão variando de 30 kbps a 115 kbps.

O GPRS permite a conexão dos smartphones à Internet, e sua principal vantagem é que os usuários só pagam pelos dados e não pelo tempo de permanência no ar.

EDGE (Enhanced Data Rates for Global Evolution ou GPRS ampliada): tecnologia que transmite dados a até 384 kbps, com taxas médias entre 110 kbps e 120 kbps.

Essas taxas permitem serviços de dados avançados, como streaming de áudio e vídeo, acesso à Internet em alta velocidade e download de arquivos pesados.

Assim como a GPRS, a Edge divide os dados em pacotes e oferece conexão permanente de dados, suportando serviços "push-to-talk". Aparelhos Blackberry e alguns modelos Nokia e Motorola utilizam esse tipo de tecnologia.

Terceira Geração ou 3G

­CDMA-2000 1x ou 1xRTT (1xRadio Tansmission Technology): tecnologia considerada de terceira geração por atingir taxas de transmissão superiores a 144 kbps e que preparou o terreno para as altas velocidades de dados hoje disponíveis.

Permite total conexão sem fio.

UMTS (Universal Mobile Telecommunications Service): evolução da GSM, essa tecnologia baseada em IP (Protocolo de Internet) opera na faixa de 1900 MHz e atinge taxas de transmissão de até 2 Mbps, a velocidades médias de 220 a 320 kbps.

Ela possibilita serviços de alto consumo de banda, como videoconferência, transmissão de TV, e streaming de áudio e vídeo. Como é compatível com a GPRS e a Edge, a UMTS pode operar em qualquer uma dessas redes com segurança.

HSPA (high Speed Packet Access): tecnologia que permite enviar e receber grandes arquivos, jogar online, enviar e receber vídeos e imagens em alta resolução, fazer download de música e permanecer conectado à Internet ou à rede IP do escritório.

Pode transmitir dados a uma velocidade de até 5,7 Mbps, com taxas mínimas de transferência variando de 144 kbps a 384 bps. A sigla tem duas variações - HSDPA e HSUPA. A primeira, High Speed Downlink Packet Access, refere-se à velocidade com a qual a pessoas podem baixar arquivos de dados.

A segunda, High Speed Uplink Packet Access, à velocidade para enviar pacotes de dados.

WCDMA (Wideband Code Division Multiple Access): protocolo de transmissão da terceira geração da telefonia celula­r que utiliza o método de sinalização da tecnologia CDMA para alcançar velocidades mais altas e suportar mais usuários.

A tecnologia foi desenvolvida pela NTT DoCoMo, operadora de telefonia japonesa como uma interface aérea da rede 3G da também japonesa Foma.

O protocolo acabou virando parte do IMT-2000 (International Telecommunication Union), do padrão internacional da 3G. A WCDMA permite atingir velocidades de até 5,7 Mbps, dependendo do padrão adotado (HSDPA ou HSUPA).

Mas afinal, o que é a 3G?

Agora que você já conhece as principais tecnologias usadas nas três gerações da telefonia celular, está na hora de saber o que é a 3G. Evolução da 2G e 2,5G, a telefonia 3G, como dissemos anteriormente, se caracteriza pela transmissão de dados em alta velocidade. Na 3G, as operadoras transmitem voz e dados dentro de um espectro de freqüência mais amplo - entre 1,9 GHz e 2,1 GHz.

Nas telefonias 2G e 2,5G (a segunda geração na qual nos encontramos atualmente), os celulares operam na faixa entre 900 MHz e 1,8 MHz e atingem taxas de transmissão de até 384 kbps, usando tecnologia EDGE (Enhanced Data rates for GSM Evolution), e de até 85 kbps, usando tecnologia GPRS.

No Brasil, todas as operadoras GSM (Global System for Mobile Communication) utilizam as duas tecnologias, e a velocidade alcançada depende do aparelho celular que cada pessoa tem.

Veja na tabela abaixo a comparação das velocidades alcançadas com as tecnologias de telefonia móvel.

Tecnologia Taxa de download Taxa de upload
GPRS de 60 kbps a 80 kbps de 20 kbps a 40 kbps
EDGE de 177,6 kbps a 384 kbps de 59,2 kbps a 118,4 kbps
WCDMA de 384 kbps a 5,7 Mbps de 144 kbsp a 384 kbps
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As velocidades alcançadas na tabela acima dependem da localização do terminal celular. Em ambientes móveis (no carro em movimento, por exemplo), a 3G atinge 144 kbps. Em ambientes abertos, com aglomeração de pessoas, 384 kbps.

Em ambientes fixos, como dentro do escritório ou em casa, é possível atingir a velocidade máxima da tecnologia.

Para garantir atrasos mínimo na entrega dos pacotes de dados na rede 3G e o mínimo de erros por bit, a tecnologia divide os pacotes de serviços em quatro classes de qualidade (QoS):

Conversational class (voz, telefonia com imagem, jogos sem acesso à rede)
Streaming class (multimídia e vídeo por demanda)
Interactive class (navegação na web, jogos em rede, acesso a banco de dados)
Background class (e-mail, SMS, download)

Vantagens
A principal característica -e também o maior benefício - da terceira geração de telefonia celular é a velocidade. As redes 3G garantem uma velocidade de transmissão de dados até 15 vezes maior que as atuais.

Com redes mais rápidas, haverá melhorias nos serviços de multimídia (voz, dados, vídeo e acesso remoto), e os usuários poderão consumir serviços que exigem mais banda, como vídeoconferência, telefonia com vídeo, TV, downloads, mapas, Internet, fax, mensagens multimídia e compartilhamento de música.

E pagando menos, já que ao trabalhar com espectro mais amplo, as operadoras poderão oferecer planos de minutos mais vantajosos sem sobrecarregar a rede.

A rede 3G oferece capacidade de roaming por toda Europa, Japão e Estados Unidos, onde a tecnologia já está em uso há mais tempo que no Brasil.

No Brasil, a telefonia 3G traz ainda uma vantagem para as operadoras.

Pelas normas da Anatel, elas poderão prover serviços de banda larga para computadores, como fazem os provedores de internet.

A oferta, segundo o site IDG Now!, "consiste no aluguel ou na venda de aparelhos de modem que utilizam a rede celular para se conectar à web". O usuário paga mensalmente por um plano com volume de dados trafegados.

A telefonia 3G no mundo

Não é à toa que as operadoras de telefonia celular vêm investindo em redes 3G. Seus assinantes expressam seu desejo por melhores conexões e serviços de dados ou trocando de operadora ou comprando aparelhos com mais recursos (câmera, filmadora, MP3 player) e capacidade de compartilhamento de dados.

"Em todas as partes do mundo, tanto em mercados desenvolvidos como em emergentes, as operadoras estão implementando tecnologia 3G, a fim de poder conferir suporte à crescente demanda por serviços de voz e dados em altas velocidades, atendendo consumidores, empresas e aplicações de serviços públicos, diz Perry LaForge, direitor executivo do CDMA Development Group (CDG).

"Estes serviços requerem uma grande largura de banda, para garantir capacidade, volume de dados e uma experiência satisfatória para o usuário final".

Hoje a telefonia 3G tem cerca de 490 milhões de assinantes no mundo.

Segundo analistas de mercado, até 2010, as duas tecnologias 3G dominantes, CDMA2000 e WCDMA, vão responder por um 1,2 bilhão de assinantes - ou 41% da base mundial.

Os primeiros estudos de uma tecnologia de transmissão em alta velocidade para telefones móveis começaram a ser feitos na década de 90.

Em 2001, a japonesa NTT DoCoMo lançou o primeiro serviço 3G, com transferência de dados a 64 kbps (muito maior do que a taxa alcançada em conexões dicadas de Internet na mesma época). Hoje, a taxa de transmissão está em 384kbps.

Na Coréia, os primeiros testes com a 3G começaram em 2001, com o padrão CDMA2000 1xEV-DO. Hoje, o serviço está disponível em 30 cidades. Já os chineses podem optar por diferentes padrões de telefonia 3G: os já conhecidos CDMA200 e WCDMA e o proprietário TD-SCDMA.

A rede 3G

Na Europa, o padrão usado desde 2002 é o UMTS. Oferecem rede 3G países como Itália, Suécia, Inglaterra, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Áustria e França.

E nos EUA, as redes 3G são oferecidas desde 2001, com restrições, já que as faixas em que opera a telefonia 3G pertencem ao Departamento de Defesa e não podem ser utilizadas comercialmente.

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