segunda-feira, 30 de junho de 2008

Gestão de Pessoas - Jeffrey Pfeffer

Expert em Administração de Empresas e Gestão de Pessoas, o Professor Dr. Pfeffer era aguardado com ansiedade pelos profissionais que compareceram à primeira aula do Special Management Program, realizado em São Paulo, no Hotel Transamérica. O público, homens e mulheres de diferentes faixas etárias, mas, na sua maioria, formado por profissionais da área de Recursos Humanos, ouviu atentamente as primeiras palavras do Professor Pfeffer: “Não basta ter informação e saber o que fazer, é preciso realmente fazer algo diferente”.

Na esteira do “pensar diferente”, o professor da universidade de Stanford iniciou sua apresentação analisando –e derrubando– algumas crenças a respeito das causas do sucesso. Com evidências objetivas e muita didática, Pfeffer afirmou que há convenções equivocadas sobre o bom desempenho de uma empresa. Uma delas é sobre a importância que se dá à originalidade das idéias.

Para ele, não há nada que comprove a vantagem de dar o primeiro chute. “Você precisa ser bom, mas não precisa chegar primeiro”, explica Pfeffer. A Amazon.com, por exemplo, foi pelo menos a quarta empresa a vender livros no sistema on-line. A Xerox inventou o primeiro microcomputador – e não se tornou o maior sucesso nessa área.

O segundo pensamento convencional derrubado foi o que diz ser importante estar no setor certo para ter sucesso. Segundo o palestrante, a empresa de consultoria Mercer realizou estudo para identificar se havia correlação entre as taxas de crescimento de um setor e as taxas de crescimento das empresas que compunham esse setor. A conclusão foi que não existe correlação. “Você pode ser uma empresa que cresce rápido, atuando em um setor que cresce devagar, e vice-versa. O seu setor não importa”, esclareceu Pfeffer. A Booz Allen, por sua vez, identificou que as taxas de crescimento de um setor não têm relação com a capacidade de uma empresa de criar valor para os acionistas. Antecipando a acusação de que estivesse dizendo coisas que fossem contra o consagrado pensamento de Michael Porter, o acadêmico esclareceu que Porter fala de margem, ou seja, a diferença entre preço e custo e não de índices de crescimento que impactam o desempenho extraordinário na bolsa. Para ilustrar essa conclusão, Pfeffer elencou os índices de retorno total dos acionistas de dez empresas apontadas pela revista Money como as melhores nesse quesito e mostrou aos presentes que, em um setor tão complicado como o de companhias aéreas, no qual tantas empresas, como a Varig e a Eastern Airlines, morrem, a Southwest Airlines é destaque, com retorno de 26%, mesmo índice da Wal-Mart e o maior da lista da Money. “Essas empresas entenderam o que era necessário para ter sucesso”, salienta Pfeffer.

Em relação ao tamanho da empresa, o palestrante não deixou por menos: “A Southwest é a empresa aérea mais lucrativa dos Estados Unidos, e não é a maior delas. A única outra empresa aérea que obteve lucro em todos os últimos trinta anos foi a Singapore Airlines. Ela também não é a maior”. Concretamente, pesquisa realizada pela Value Line, empresa especializada em estudar investimentos, indica: em 44% dos setores considerados, existe uma correlação negativa entre o tamanho da empresa e os índices de lucratividade. Ao criticar as fusões, já que 70% delas resultam em fracasso, o professor pergunta: “Se as fusões falham, por que queremos realizá-las?” E dá seu conselho: “Pare de fazer coisas tolas!”

No campo da redução dos quadros de pessoal, isto é, do chamado downsizing, Pfeffer constatou: “A maioria das empresas faz o downsizing da pior maneira possível. O Citibank, por exemplo, anunciou que ia dispensar 10.000 pessoas e não despediu. Anunciar os números e depois passar semanas decidindo quem será demitido é idiotice. Os talentos já estarão procurando outros empregos.” Para o palestrante, melhor fez a Southwest, que disse que a última coisa a cortar seriam os funcionários.

Passou pela crise e, hoje, está crescendo. “O downsizing arrasa o ânimo dos funcionários e ainda prejudica a inovação, ao romper as redes sociais, necessárias ao desenvolvimento de coisas novas”. Além disso, o corte de pessoal não aumenta o valor das ações, nem a produtividade, e ainda não diminui custos.



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